Para segurar déficit, socorro federal de R$ 40 milhões agrada Consórcio Guaicurus

Alegando estar em situação delicada, inclusive tendo pedido judicial de socorro financeiro à prefeitura negado, o Consórcio Guaicurus vê com bons olhos a possibilidade de receber cerca de R$ 40 milhões como ajuda federal para manter os serviços de transporte coletivo urbano em todo o país – o valor destinado totalizaria R$ 4 bilhões.

O texto, relatado pelo emedebista maranhense Hildo Rocha, vista destinar uma ajuda para os sistemas de ônibus e metrô para cidades com mais de 300 mil habitantes. Há contrapartidas, que no caso de Campo Grande, devem ser assumidos pela prefeitura, como o compromisso da prefeitura revisar contratos do setor até o fim de 2021.

“Vejo como uma iniciativa boa, embora não conheça tão bem os detalhes. Mas hoje qualquer coisa é melhor do que não fazer nada. Até demorou para ter essa iniciativa, pois praticamente já estamos há cinco meses nessa pandemia e o transporte urbano em todo o país entrou literalmente em zona de sucumbência”, frisa o gestor dos ônibus em Campo Grande, João Rezende.

O Consórcio Guaicurus, formado pelas viações São Francisco, Cidade Morena, Campo Grande e Jaguar, é o responsável pelo transporte público urbano em Campo Grande e vem, assim como empresas de outras capitais, enfrentando dificuldades desde um período pré-pandemia e que só piorou com a chegada do novo coronavírus e medidas de distanciamento.

“Esse valor de R$ 40 milhões é considerável para esse momento de pandemia. Ele minimiza esse impacto ao qual estamos sofrendo. Não resolve todo o problema do transporte público no Brasil, muitos menos o de Campo Grande, mas com certeza ajuda bastante”, destaca o gestor.

Rezende também relata que a empresa já sofria com caixa negativo antes da covid-19, porém com a pandemia a situação fez com que tudo beirasse o colapso. “Perdemos 55% da arrecadação nesse período, mas só conseguimos reduzir 30% das despesas. Então algo que já não estava bom, piorou ainda mais. É um déficit violentíssimo”, dispara.

Agetran: ajuda bem vinda

Outro que segue a linha de pensamento semelhante a de João Rezende é o chefe da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Janine de Lima Bruno, acreditando também que o auxílio seria bem vindo caso seja aprovado pelo Legislativo federal e se efetive.

“Também não vi os detalhes ainda desse projeto, pois é melhor esperar sua aprovação para comentar melhor, mas é algo nacional para enfrentar um problema que existe em todo o país há dois anos e acabou piorando com a covid-19. Claro que hoje qualquer ajuda é bem vinda”, explica Janine, que lidera o órgão responsável por fiscalizar o consórcio.

Crise

A crise do transporte público de Campo Grande é uma das maiores do país, tendo acentuada piora desde o ano passado, quando passou a ser alvo de investigações do Ministério Público e de reclamações diversas dos usuários, por prestação de serviço insuficiente e até esquemas que visavam burlar o sistema e fazer o consórcio lucrar mais.

Em alguns casos, a Agetran chegou a ser apontada como inerte na busca de soluções para tais problemas, indo a discussão sobre o transporte da Capital parar no plenário da Câmara Municipal e ser, inclusive, alvo de lista para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Alegando perda de receita e dificuldades operacionais, o Consórcio Guaicurus ingressou, no fim de abril, com mandado de segurança – e depois desistiu – contra a prefeitura. Na ocasião, a empresa pedia subsídio financeiro, isenção de impostos e fim das gratuidades – que por coincidência, é tratado no projeto que está em análise na Câmara Federal.

O concessionário do transporte alegou na ocasião que nos 20 dias que antecederam a pandemia faturou aproximadamente R$ 9 milhões, enquanto nos 20 primeiros dias de abril, os primeiros logo após o retorno das atividades paralisadas pela pandemia, faturou pouco mais de R$ 2 milhões, uma queda acentuada das receitas.

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