Em temporada de captura de onças, pesquisadores dormem em alerta

Sombra, Oreia, Pandhora e Fênix. Estes são os nomes das quatro onças-pintadas capturadas em dezembro para pesquisas e monitoramento dos integrantes da associação Onçafari no Refúgio Ecológico Caiman,em Miranda, município distante a 206 quilômetros de Campo Grande. As capturas são resultado de trabalho em equipe que envolve estudo, estratégia e pesquisadores em estado de alerta até na hora de dormir.

A temporada de captura dura, em média, duas semanas e participam dela veterinários, biólogos, guias de campo e coordenadores da Onçafari. Eles chegam no refúgio e começam a montar as armadilhas no primeiro dia. As informações sobre os melhores locais para a montagem dos laços são obtidas com biológicos selecionados que já atuam na região.

Durante o dia as armadilhas ficam fechadas, mas por volta das 18h os pesquisadores começam a ativar cada laço. O horário tem relação com o período em que esses felinos estão mais ativos e começam a caminhar.

As armadilhas são montadas a uma distância de no máximo 30 minutos da base onde os pesquisadores ficam. Em linhas gerais funciona assim: o animal passa por ali, ativa a armadilha com a pisada e enquanto está tentando se livrar do laço, em que transmissores estão acoplados, acaba emitindo sinais sonoros que são captados pelos pesquisadores.

Os pesquisadores dormem prontos, com roupas e equipamentos de campo organizados e se revezam no monitoramento. A cada uma hora, um deles verifica a frequência dos transmissores para saber se teve qualquer alteração indicando a presença de uma onça.

São montadas entre 10 e 15 armadilhas em um raio de cinco quilômetros ao redor da base, mas esse número não é exato e varia a cada temporada.

Pesquisadores analisam e medem pata de onça-pintada (Foto: Divulgação/Onçafari)
Pesquisadores analisam e medem pata de onça-pintada (Foto: Divulgação/Onçafari)
Análise da dentição das onças é para estimar a idade (Foto: Divulgação/Onçafari)
Análise da dentição das onças é para estimar a idade (Foto: Divulgação/Onçafari)

Quando a armadilha dispara, todos se unem para chegar até a armadilha o mais rápido possível. Normalmente, os pesquisadores estão em caminhonetes. Os veículos são estacionados um pouco distantes do local onde as onças estão presas aos laços.Veterinário e biólogo são os primeiros a se aproximar. Com arma tranquilizante em mãos, eles aplicam anestésico no animal e ali mesmo estimam o peso.

O efeito do tranquilizante não é imediato. Demora, em média, 10 minutos para as onças “caírem no sono” e assim que elas começam a dormir os outros pesquisadores se aproximam e dão início aos trabalhos.

Tem coleta de sangue, de urina, verificação da presença de carrapato, análise da dentição para estimar a idade, monitoramento da frequência cardíaca. É um verdadeiro check up antes da instalação do colar com GPS. O acessório só vale para os animais adultos, conforme explica Gustavo Figueirôa, um dos integrantes da Onçasafari. “Não colocamos nos jovens porque eles vão crescer e pode apertar”, diz.

Pelagem das onças é curta, com coloração dourada (Foto: Dvivulgação/Onçafari)
Pelagem das onças é curta, com coloração dourada (Foto: Divulgação/Onçafari)
Coleta de sangue de onça-pintada para análise (Foto: Divulgação/Onçafari)
Coleta de sangue de onça-pintada para análise (Foto: Divulgação/Onçafari)

Após todos os exames, os pesquisadores colocam o animal em local seguro e acompanham o retorno do sono. Nem um deles deixa o local antes de perceber que a onça está em condições perfeitas de seguir pela mata.

Os animais seguem, mas não antes de receberem nomes. Na última temporada, foi a vez do
Sombra, e de três fêmeas: a Oreia, Pandhora e Fênix. A ideia é monitorar as onças durante pelo menos um ano, tempo estimado de validade dos colares com GPS. Ocasionalmente, alguns param de funcionar antes.

Estes trabalhos são realizados há oito anos com objetivo de preservar as onças-pintadas. Segundo a Onçafari, o Brasil abriga cerca de 50% das populações de onça ainda existentes. A Amazônia, atualmente, é o maior refúgio para onças ao longo de sua distribuição, seguida pelo Pantanal.

Pesquisadores da associação Onçafari fazem check-up em onça pintada (Foto: Divulgação/Onçafari)

Fonte: Campo Grande News

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