Hospitais entram em colapso, governo fala em mais restrições

O caos chegou aos hospitais de Mato Grosso do Sul no dia em que o Hospital Regional, maior unidade para atender pacientes com Covid-19 do Estado, em 11 pessoas em menos de oito horas, todos os outros hospitais atingiram 100% da capacidade. 

O titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geraldo Resende, afirmou que as restrições mais duras, como a proibição de algumas atividades não essenciais e o aumento da duração do toque de coleta, que será adotado pelo Estado nos próximos dias.  

Ontem, o governador Reinaldo Azambuja confirmou que está em conversas com outros governadores para publicar diretrizes em sintonia com outras unidades da federação que também estão com os hospitais em colapso. Na noite de ontem, nove pacientes aguardavam por um leito de unidade de terapia intensiva no Estado. É a primeira vez que isso ocorre.

O secretário de Estado de Saúde relatou em coletiva de imprensa que no Hospital Regional foram intubados 11 novos pacientes apenas na manhã de ontem. Resende ainda ressalta que os pacientes do interior chegaram ao Hospital apenas com respiradores manuais, por falta de equipamento.

“Isso é muito triste, porque nós equipamos e aparelhamos os municípios para que esse tipo de transporte não seja realizado. Agora, nós só vamos evitar o colapso completo na saúde pública do Estado se dermos uma contribuição muito forte no processo de medidas restritivas ”.

Resende ainda afirmou que nove pacientes já aguardam vagas em leitos de UTI no Estado. “Nós ultrapassamos a capacidade do Hospital Regional em fazer atendimento dos leitos habilitados e na retaguarda, estamos ocupando ainda outros espaços do hospital, como no centro cirúrgico e em salas de espera”.

FALTA QUASE TUDO

A diretora-geral do Hospital Regional, Rosana Leite, ontem à noite, em entrevista à TV Morena, afirmou que o local está em colapso, com falta de leitos, oxigênio e medicamentos.  

A diretora detalhou que há 118 pacientes intubados e 50 fazendo uso de máscaras de oxigênio. “Nossa rede de oxigênio está quase em capacidade máxima, e estamos temerosos de não conseguir dar conta de atender todos”.

Leite alerta que o hospital possui o medicamento, polimixina B, usado para o tratamento da Covid-19, para apenas dois dias, pois a empresa não consegue mais entregar o remédio.  

“A polimixina está faltando no mercado desde o início do ano, nós comunicamos o pedido, mas não recebemos. A empresa não consegue produzir o remédio e entregar. Nós não temos mais como tratar os novos pacientes com o medicamento ”.

NOVO RECORDE

O número de internados com Covid-19 em Mato Grosso do Sul atingiu novo recorde ontem. São 724 pessoas hospitalizadas no Estado, 337 delas em unidades de tratamento intensivo (UTIs).

No dia 1º de março, há uma semana, eram 611 internados, 113 a menos que ontem. Foram confirmadas as mais 25 mortes nesta segunda-feira em Mato Grosso do Sul, oito delas em Campo Grande.

“Eu estou indicando que é preciso medidas restritivas mais rigorosas, estou indicando que o cenário é muito grave, não só no Estado, mas em todo o País”, afirmou Resende.

O secretário reforçou que uma população deve ser consciente, pois aqueles que não estão acreditando que o vírus está matando e continue vivendo normalmente estão colaborando para a morte de seus entes queridos.

“Infelizmente, há uma parcela grande que não querem acreditar que a doença está dizimando, ou seja, está matando pessoas em todo o Brasil e aqui no Estado. Eu posso afirmar, sem medo de errar, que tem muita gente que está matando seus pais, suas mães, seus filhos, seus avós e dizem que os amam, amor não é isso ”, finalizou.

DECISÃO

As autoridades, até ontem à tarde, ainda relutavam em tomar medidas mais restritivas para aumentar o isolamento e reduzir o contágio. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), deve anunciar hoje novas diretrizes para evitar que o coronavírus se espalhe ainda mais pelo Estado. Uma delas pode ser o toque de recolher a partir das 20h, sugerido ontem pelo secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende.  

Também serão discutidos, entre o governador e prefeitos dos 79 municípios, pontos como instalação de barreiras nas entradas do Estado, definição de atividades essenciais, lotação permitida em descobertos e restaurantes, venda de bebidas alcoólicas, entre outros que podem restringir a circulação das pessoas para evitar o contágio da Covid-19.

O secretário de Estado afirmou que a decisão deve ser feita em conjunto, entre os gestores municipais e estaduais. “Tenho absoluta certeza que prefeitos e prefeitas vão saber construir com o Estado o melhor caminho para a gente enfrentar uma doença no estágio que ela está se apresentada hoje. Não precisamos de conflagrações, não precisamos de embates ”.

Resende ainda adicionado que é preciso um consenso para construir alcançado para conter a pandemia no Estado. “Eu acredito que nenhum gestor, seja a nível de município e estado, vai querer passar pelo julgamento da história como um estado que adotou medidas frouxas no enfrentamento de uma doença tão terrível como essa”.  

 

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