O registro de água da loja do Atacadão localizado na Avenida Duque de Caxias, que pegou fogo em setembro deste ano, estava fechado, aponta depoimento.
Depois de ouvir 13 testemunhas e receber o inquérito pericial ontem, a 7ªa delegacia de Polícia Civil, responsável pela investigação, afirma que ainda não há nada decidido sobre as causas do incêndio.
Bruno Henrique Urban, delegado titular do caso, no entanto, ressalta que há uma probabilidade de que o incêndio tenha sido criminal.
No entanto, ele é enfático ao declarar que nada está concluído. “É uma possibilidade. Lá na frente, é possível voltarmos atrás e concluir que possa ter sido acidental”.
O delegado afirmou que, conforme oitiva de funcionários, foi possível descobrir que o registro estava fechado.
“Aquele vídeo que a água saía sem força na mangueira, de acordo com um funcionário o registro estava fechado na hora que as chamas começaram”, revela ao Correio do Estado.
Outro problema verificado na apuração do crime, segundo o delegado, é o depoimento de um bombeiro militar que constatou o não funcionamento dos sprinklers.
Essas estruturas são responsáveis por se acionarem automaticamente quando há presença atípica de fumaça em um ambiente.
De acordo com ele, os prazos se alongam um pouco agora. “A equipe de perícia das imagens pediu 180 dias para dar um parecer”.
O laudo recebido na tarde de quarta-feira é a penas um pedaço do caderno de provas, afirma o delegado.
“É uma parte do caso. Vamos juntar com os depoimentos, com o laudo das imagens, com provas materiais, para aí sim podermos finalizar o inquérito”, explica.
Em entrevista ao Correio do Estado, na época da instauração do inquérito, o delegado afirmou que o laudo seria montado por uma equipe multidisciplinar para investigar as causas científicas do incêndio, com presença de engenheiro eletricista, ambiental e um físico.
Naquela ocasião tudo era possível, segundo o delegado.
Ele disse então que era preciso “analisar bem as imagens captadas pelas câmeras internas para tirar qualquer dúvida e considerar também o que é possível observar”.
De acordo com Urban, os locais que continham itens mais caros, tinham melhor cobertura, e corredores com itens mais baratos continham um ou nenhum equipamento de vigilância.
INCÊNDIO
A loja da Duque de Caxias pegou fogo no dia 13 de setembro deste ano, um domingo. Neste dia em questão, imagens e vídeos circularam por grupos de whatsapp, mídias sociais diversas e causaram espanto e perplexidade nas pessoas que passavam pela avenida.
No dia seguinte ao incêndio, equipes do Corpo de Bombeiros ainda trabalhavam em meio aos escombros para tentar conter o foco. A avenida no sentido centro-aerorporto fora interditada para permitir acesso fácil das autoridades e equipes de trabalho.
Funcionários da loja se amontoavam do lado de fora, curiosos querendo saber novidades sobre o local que trabalhavam.
Um deles era Júlio Barros, trabalhador terceirizado, o homem de 41 anos relata que passou vários momentos importantes da vida na loja que pegou fogo.
“Eu comecei a trabalhar em 2014, conheci minha mulher aqui, meu filho quase nasceu ali dentro”, relembra o homem ao comentar que a bolsa da esposa estourou dentro da unidade.
Ele foi um dos alocados. Na época, a assessoria do Grupo Carrefour controlador da marca, assegurou a realocação dos 287 funcionários diretos, informação confirmada pelo Correio do Estado em primeira mão.
Um mês depois do incêndio, o grupo controlador confirmou a reinauguração do Atacadão da Duque de Caxias para janeiro de 2021. A informação foi confirmada pela assessoria e as equipes já trabalhavam no local.