Cracolândia, antiga rodoviária pode virar central da polícia

O prédio da antiga rodoviária de Campo Grande deixou de ser, há quase dez anos, o ponto de embarque e desembarque de passageiros. Posteriormente, também para o transporte coletivo urbano. Desde então, a região foi intensamente ocupada por pessoas em situação de rua e usuários de drogas, prejudicando quem vive e trabalha no entorno.

Com ações policiais praticamente semanais, que ganharam força há quase dois meses, e projetos de revitalização em andamento, a intenção é fazer com que o local deixe de ser a cracolândia da Capital. O prédio fica a poucas quadras da principal obra do Reviva Campo Grande, cujo investimento milionário permitiu a reforma de dez quadras da Rua 14 de Julho.

Além da obra de revitalização parcial, anunciada no dia 27 de agosto e orçada em R$ 22 milhões, a Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social (Sesdes) e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) querem transformar o prédio em um centro integrado de segurança.

A ideia é levar para o local a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro e também a Gerência Operacional Centro da Guarda Civil Metropolitana. Atualmente, a Depac funciona com a 1ª Delegacia de Polícia Civil, na Rua Padre João Crippa, e também divide espaço com a Polícia Militar. Com a mudança, apenas a Depac seria transferida para a antiga rodoviária.

No entanto, só deve acontecer a mudança depois que o local passar por reforma, que será feita com recursos de convênio com a Caixa Econômica Federal, após o Ministério do Desenvolvimento Regional selecionar um projeto da Prefeitura de Campo Grande para requalificação de áreas públicas.

De acordo com informações do delegado-geral da Polícia Civil, Marcelo Vargas, a proposta partiu do município, por meio do secretário de Segurança da Capital, Valério Azambuja, e agradou ao Estado, que vê nessa oportunidade uma forma de melhorar o atendimento da Depac.

“Ali poderíamos atender melhor a população, com um espaço mais amplo, vaga de estacionamento – o que não se tem atualmente – e também um local com várias linhas de ônibus. Para nós essa mudança seria interessante”, afirmou o titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira.

Conforme o secretário, ainda há diferença entre o que a secretaria municipal oferece de espaço para a delegacia e o que ela realmente precisa. “Para a Depac Centro ir para lá, nós precisamos de, pelo menos, 350 m² a 400 m² e é isso que ainda estamos discutindo”. Porém, conforme Valério, o espaço destinado à delegacia seria uma “área de 250 m² a 300 m²”.

O custo total da reforma será de responsabilidade da prefeitura, mas a estrutura da delegacia, como móveis e computadores, será assumida pela Sejusp. “Assim que a obra ficar pronta, já teremos os móveis e tudo que precisar para montar a delegacia”, garantiu Videira.

“Com certeza a instalação da Depac Centro e Guarda Civil na antiga rodoviária vai trazer mais segurança permanente ao espaço revitalizado, além de para o entorno. Também facilitará os trabalhos da Guarda Civil Metropolitana, que possui estreita relação institucional com a Polícia Civil”, disse Azambuja.

Conforme o secretário, apesar de a guarda já ter estrutura no local, ela não atende perfeitamente aos desejos da corporação. “Hoje [a guarda] possui um núcleo de forma precária. A Gerência Operacional Centro terá estrutura adequada para atender o efetivo da Guarda Civil Metropolitana, que cumpre escala de plantão, além de atender às demandas da população no local”.

REFORMA

No início deste mês, a prefeitura já havia publicado a abertura de licitação para contratação de empresa que faria o projeto de reforma do prédio do antigo terminal rodoviário. As adequações serão feitas apenas no espaço que cumpre à prefeitura, cerca de 6 mil m² – 9% do prédio –, já que a outra parte possui vários donos.

De acordo com o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, após a contratação da empresa, ela terá 90 dias para criar o projeto da reforma a ser executada no local. “Ainda no primeiro semestre licitamos a empresa que fará a obra e acreditamos que deverá começar na segunda metade. Não termina em menos de um ano”, avalia.

A verba para a execução do projeto faz parte de um montante de R$ 74,6 milhões, obtidos pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, para transformar a zona urbana de Campo Grande. Além da reforma da rodoviária, está prevista a revitalização da Rua Bom Pastor e a instalação de rede de fibra óptica, no valor de R$ 27 milhões, que deve melhorar a conexão com a internet nas repartições públicas e também acelerar os sistemas de comunicação do município.

No prédio da antiga rodoviária, além dos órgãos de segurança, a prefeitura planeja se livrar de alguns aluguéis caros, como o da Fundação Social do Trabalho (Funsat), que atualmente funciona na Avenida Eduardo Elias Zahran.

“Vamos levar também a estrutura do passe do estudante, que hoje é um setor na Agetran [Agência Municipal de Transporte e Trânsito], o atendimento do IPTU, que está na antiga Câmara, e outros órgãos que pagam aluguel. Será uma forma de economizar”, declarou Fiorese.

Em reportagem do Correio do Estado, publicada no dia 6 deste mês, o prefeito Marcos Trad (PSD) explicou que a ideia é levar serviços para a população, além de melhorar a questão de infraestrutura do entorno. “Vamos levar equipamentos públicos, um ponto de segurança, pavimentação asfáltica e iluminação”.

Catiana Sabadin, coordenadora especial da Central de Projetos da prefeitura, disse à reportagem que as intervenções em questão se restringem aos espaços públicos do terminal, que são as antigas plataformas de embarque e desembarque em ambos os lados (nas ruas Joaquim Nabuco e Vasconcelos Fernandes).

PRAZO PARA O PROJETO

O projeto de revitalização, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e edital aberto para empresas de outros países, não poderá ultrapassar o teto de US$ 200 mil. O município pretende concluir a licitação até o fim do ano, para que as obras comecem em março de 2020.

Fonte: Correio do Estado

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