Rio da Prata está “perdendo os rins” e, se nada for feito, tem 10 anos de vida

Dados assustadores sobre a “saúde” do Rio da Prata foram mostrados durante audiência pública que aconteceu na Câmara Municipal de Bonito nesta segunda-feira (10). Dentre eles, a diminuição de 2 mil hectares de área úmida que funciona como uma espécie de rim, um filtro natural que mantém a pureza da água do manancial.

Em um dos painéis, o promotor de Justiça, Alexandre Stuqui Junior, fez o alerta: “se a situação continuar como está, o Rio da Prata morre em10 anos”.

O rio, que foi tomado por lama após chuvarada em novembro, chega a ter 10 metros de visibilidade. As águas estão limpando e no domingo, conforme monitoramento divulgado pelo promotor, era possível ter visão de até 4 metros de profundidade em flutuação.

Pesquisa – Participantes da audiência a convite do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), as pesquisadoras da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Darlene Gris e Helen Rezende mostraram estudo que evidenciais mais um sinal de que a saúde de um dos principais rios da região de Bonito, Jardim e Bodoquena não vai nada bem.

Com base em mapas, elas chegaram a conclusão que o brejão do Rio da Prata, como é chamada a nascente considerada o berçário do curso d’água, teve área de 7 mil hectares reduzida para cerca de 5 mil hectares em 34 anos –desde 1984.

Esta perda reduz a capacidade de filtragem da água da nascente e aumenta o fluxo do rio, acelerando também o carreamento dos resíduos e sedimentos.

Na área da nascente, além do desmatamento, foram encontrados construções de açudes e represas.
Sobre a perda de vegetação, a pesquisa mostra que, em resumo, assim como em todo o Estado, Bonito vive há uma década o avanço da lavoura onde era pecuária. A troca de vegetação é mudança muito drástica e reduz a permeabilidade do brejão.

Sobre a situação, o promotor Luciano Loubet comentou que o turvamento do rio tem três responsáveis –São Pedro, o Poder Público (responsável, segundo ele, por 70% do problema porque não dá conta de manter a estradas vicinais em condições adequadas) e proprietários rurais.

“Não dá pra fazer um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] com São Pedro e impedir que ele faça chover, mas é possível tomar medidas para recuperar a mata ciliar e reverter esse quadro. Tem de haver solidariedade com outras gerações, pensar no futuro”, afirmou.

 

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