Eu tenho fé: o pior já passou, diz Azambuja

Reeleito neste domingo, o governador Reinaldo Azambuja aposta na retomada do crescimento do Estado após a recessão econômica. Para os próximos quatro anos, o chefe do Executivo pretende investir na regionalização da saúde e também no saneamento básico.

CORREIO PERGUNTA:
Quais são os setores prioritários do seu projeto de gestão?
REINALDO AZAMBUJA:
Nossa grande prioridade é concluir o processo de mudanças estruturais que nós estamos fazendo desde o primeiro dia do nosso mandato. Em cada uma das políticas públicas, há mudança, há mais eficiência, melhor resultado e um novo modelo de gestão funcionando. Apenas a título de exemplo: na saúde, a nossa prioridade, agora, é concluir e consolidar a reestruturação iniciada, com a regionalização do atendimento, em todas as macrorregiões do Estado. Na educação, o desafio é melhorar a qualidade, como já estamos fazendo, o que reflete no avanço do nosso Ideb. Temos programado um grande investimento em saneamento básico, cuja meta é de universalizar os serviços em todo o Estado, o quanto antes. E especialmente estimular o crescimento, para gerar mais empregos e melhorar a renda.

Especificamente sobre a saúde, qual é o plano para melhorar o sistema público?
Como disse, o nosso grande projeto em curso é a regionalização do sistema. Vamos colher resultados importantes dos investimentos já garantidos e que estão acontecendo agora. Vou sair da teoria para a prática e mostrar a regionalização acontecendo: são R$ 12 milhões, na Santa Casa de Corumbá; R$ 4 milhões, no Hospital Marechal Rondon, de Jardim; R$ 2 milhões, no Hospital São Matheus, de Caarapó; R$ 56 milhões, na construção do novo hospital de Três Lagoas; R$ 37 milhões, no Hospital Regional de Campo Grande e na construção de um novo centro de reabilitação; R$ 49 milhões no hospital regional de Dourados e no Centro de Diagnóstico e de Especialidades. E tem ainda o hospital de pequenas e médias cirurgias da Grande Dourados; em Ponta Porã, o hospital regional está em pleno funcionamento, atendendo toda a população da fronteira; e hemodiálise, em Campo Grande, Dourados, Coxim, Aquidauana, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas. E, no total, são 947 novos leitos hospitalares criados em nosso governo. Não posso deixar de lembrar o resultado recente do Ministério da Saúde, que apontou Mato Grosso do Sul como o segundo estado que mais faz cirurgias eletivas em todo o País.

O senhor vai manter a Caravana da Saúde? Se sim, o programa passará por alguma reestruturação?
Já disse e repito aqui: a Caravana continuará acontecendo enquanto houver um único cidadão na fila precisando de atendimento emergencial. E a nossa lógica é simples: quem precisa de cuidado urgente não pode esperar todo o processo da regionalização ficar pronto, porque aí há até risco até de morte. Por isso, fizemos o esforço da caravana. Ela foi criada para tirar da fila milhares de pessoas que foram abandonadas por anos a fio sem atendimento. Nesse sentido, eu acho até engraçado alguns candidatos me cobrarem mais agilidade na conclusão do processo de regionalização que eles simplesmente não fizeram enquanto governaram por oito longos anos. Não fizeram quase nada para a saúde e estão aí cobrando, como se não tivessem responsabilidade. A realidade é inquestionável: atendemos meio milhão de pessoas que estavam esquecidas na fila da saúde…. dessas, são 67 mil cirurgias! Estamos consertando uma verdadeira calamidade na saúde de Mato Grosso do Sul. Todos os governos que vieram antes de nós poderiam ter começado a regionalização. E aí realmente já estaríamos em outro patamar. Mas partimos literalmente do zero. Essa é a realidade.

Como pretende impulsionar o desenvolvimento econômico de Mato Grosso do Sul depois de longo período de crise econômica nacional?
Veja que, mesmo no momento mais agudo da crise brasileira, Mato Grosso do Sul cresceu acima da média nacional. Não foi fácil, mas deu certo. E isso não aconteceu por acaso. Primeiro, nós saneamos as contas públicas, reduzindo o tamanho do Estado, cortando despesas e desperdícios – e somos hoje o 3º estado em solidez fiscal do País. O passo seguinte foi implementar um altíssimo nível de transparência sobre a gestão – e então saímos do último lugar em transparência no ranking nacional para os primeiros lugares. Revisamos toda a política de incentivos herdada – que também ganhou mais transparência, fiscalização e democratização do benefício para todas as cadeias produtivas. Simplificamos, desburocratizamos, melhoramos a eficiência do estado e da qualidade dos gastos públicos, e isso nos tornou o 5º estado mais competitivo do Brasil. Essa posição atraiu novos investimentos privados. Com mais investimento privado, geramos mais empregos (o segundo estado do Brasil que mais produziu empregos), renda e oportunidades. Tudo isso diversificou nossa economia, ampliou oportunidades e fez a renda do trabalhador crescer. Se fizemos tudo isso em plena crise, imagina agora, com um ambiente macroeconômico muito melhor. Eu tenho fé: o pior já passou e estamos prontos para um novo salto de crescimento e desenvolvimento.

Qual o seu plano para o Aquário do Pantanal. O senhor vai concluir essa obra?
Eu jamais faria uma obra como a do Aquário, com tanta coisa mais importante para o Estado investir. Fato é que herdamos o Aquário e essa é uma das poucas obras que não terminamos do governo anterior. E não vamos terminar enquanto a justiça não autorizar a sua conclusão. Como todo mundo sabe, trata-se de uma obra sob suspeição de desvios e uma série de irregularidades. Não vamos colocar mais dinheiro público enquanto não houver uma decisão clara da Justiça. Ponto final.

Quais medidas deverão ser tomadas no seu governo para reduzir o deficit na Previdência Social e também garantir as futuras aposentadorias dos servidores no Estado?
Fomos um dos poucos estados brasileiros que tiveram a coragem de enfrentar o problema e fazer a reforma da previdência estadual. E fizemos sem mexer nos direitos adquiridos de ninguém. Fato é que a nossa reforma já reduziu o deficit previdenciário pela metade. Equacionamos o problema e temos um plano de trabalho para ser cumprido nos próximos anos. Com tudo isso, vamos eliminar o risco de, no futuro, não haver recursos para a aposentadoria dos servidores. Esta é uma pauta superada.

Quais os planos para a Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás), que tem hoje estudo de viabilidade para privatização em andamento?
Recebemos a MS Gás como empresa deficitária. Ela foi profissionalizada e hoje é uma empresa eficiente e lucrativa. Então, a princípio, não há motivo para a privatização neste momento.

Com rodovias e ferrovias sucateadas, a infraestrutura é um dos principais gargalos para o desenvolvimento do Estado. O que o senhor pretende fazer para reverter esse quadro?
A infraestrutura é um importante desafio nacional, porque envolve um grande volume de recursos a serem investidos. Já é consenso que os estados, sozinhos, não têm condições de fazer tudo o que precisa ser feito. Então, a nossa expectativa é de que o próximo presidente, seja ele qual for, revise essa área e lidere um projeto nacional de concessões e parcerias público-privadas diferenciado, caso por exemplo, da nossa BR-163, da BR-262 e da BR-267. Está na nossa agenda a tão sonhada ponte sobre o Rio Paraguai, que viabiliza a Rota Bioceânica, com um potencial transformador incomparável. Isso também vale para ferrovias e hidrovias, que precisam alcançar todo o potencial que têm.

Como a sua administração pretende atuar para reduzir o deficit habitacional no Estado?
Há vários e diferentes números sobre o deficit habitacional no País e no nosso Estado. O mais citado é um deficit estimado em 67 mil casas. Só neste nosso primeiro mandato, vamos entregar 26 mil moradias. E tudo isso realizado em um momento difícil, de crise, em que o governo federal, o principal financiador dessa área, retrocedeu. Veja que, no seu melhor momento, fazia 1.700.00 casas/ano e caiu para apenas 130 mil casas/ano. Mesmo assim, aumentamos significativamente nossa participação no bolo. De 2011 a 2014, contratamos 1,95% do total do Brasil e, de 2015 a 2018, contratamos 3,29% do total do Brasil. E isso foi assim porque nós trabalhamos muito, criamos alternativas e novos projetos. Um deles, o lote urbanizado, vai se tornar projeto nacional, de tão bom que é. Vamos continuar trabalhando assim, com os pés no chão, responsabilidade, competência e criatividade, para alcançar nossos objetivos.

Sobre segurança pública, quais são os planos para reduzir os índices de violência em todo o Estado?
O reequipamento das nossas forças policiais já renderam resultados importantes. Somos o terceiro estado mais seguro do Brasil. Nossa capital, Campo Grande, é a segunda mais segura do País. E isso é fruto de um investimento na melhoria das condições de trabalho e equipamento das nossas polícias. Quem não se lembra de como era antes? Coletes vencidos… Armas insuficientes… Viaturas quebradas… sistema de comunicação precário… e o nosso policial, desestimulado. É importante dizer que o nosso governo fez justiça a eles. Foi uma das áreas em que houve mais promoções e progressão na carreira… que estavam paradas há anos, sem decisão. Fato é que nossa Polícia Militar reduziu praticamente todos os indicadores de crimes contra a vida no Estado. E a civil é a primeira no País em resolução de crimes com morte. Veja que o nosso DOF bate recordes de apreensão de drogas na fronteira por dois anos seguidos… Agora, segurança é uma área que, por mais que a gente faça, ainda tem muita coisa pra fazer. Eu tenho muita esperança de que o próximo presidente entenda melhor o grande problema que nós temos aqui na fronteira e acabe com a omissão do governo federal nessa área e na área prisional.

Nós já praticamos uma das menores alíquotas do diesel no País, fruto daquela negociação na greve dos caminhoneiros. Acabamos com o ICMS antecipado, que era uma grande reivindicação de todo o setor produtivo. Eu sempre digo que a questão tributária está sempre ligada ao comportamento da macroeconomia. Se há crescimento sustentado e consistente, há espaço para reduzir. Mas tudo feito com transparência e responsabilidade, porque o Estado tem uma pauta de investimentos importante para fazer nos próximos anos. De qualquer forma, com a melhoria do ambiente de crise, já estamos seguindo para a normalidade. A nossa carga tributária já é menor do que a que nós pegamos no início do nosso governo. E, se for possível, vamos avançar mais neste campo, porque isso é crucial para prover o crescimento e aumentar os empregos.

Quais medidas deverão ser adotadas para combater a corrupção?
Primeiro, fizemos um investimento histórico em transparência. Éramos o último estado no ranking nacional e hoje alcançamos as primeiras posições. E não sou eu quem está dizendo… São os dados da Rede Controle, formada pelo Ministério Público Federal, Controladoria-Geral da União, TCU, entre outras instituições dessa área. Aqui, criamos a nossa Controladoria-Geral do Estado. Aprovamos a Lei Anticorrupção e o Fundo Anticorrupção e não fomos condescendentes com o erro de ninguém. Se tem denúncia, tem apuração e precisa haver julgamento justo, sem condenação prévia, como tem acontecido tantas vezes. Tenho dito que a investigação faz parte da vida pública. Quem está nela, tem de prestar contas. Eu mesmo fui investigado algumas vezes e nunca tive uma condenação em 20 anos de vida pública. E aproveito para lembrar que, em um desses casos que me atacaram tanto nesta campanha, o Ministério Público Federal acaba de pedir mais um arquivamento do inquérito, por absoluta falta de indícios e provas.

Fonte:https://www.correiodoestado.com.br/politica/eu-tenho-fe-o-pior-ja-passou-diz-azambuja/339705/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

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